Tarifas NET na hotelaria: o que são, quando usar e como lucrar sem perder controle
Se você vende por OTAs, opera com agências e ainda quer crescer as reservas diretas, entender tarifas NET na hotelaria deixa de ser diferencial e vira obrigação.
Esse modelo, também chamado de net rate ou “tarifa operadora”, sustenta negociações B2B com operadoras, TMCs e agências, dá previsibilidade de caixa e ajuda a estabilizar a ocupação em períodos de baixa.
Mas, sem governança de preços e contratos claros, pode afetar a percepção de valor da sua marca e canibalizar a tarifa pública.
Neste artigo, você vai ver como funcionam as tarifas NET na hotelaria, quando aplicá-las, como calcular e integrar com a sua estratégia de distribuição para maximizar receita e proteger margens. Acompanhe!

O que são tarifas NET (e por que tanta gente usa)
Tarifa NET na hotelaria é o valor líquido, pré-negociado, que o hotel recebe por diária vendida por um parceiro comercial, normalmente uma operadora, agência de viagens, consolidadora ou empresa.
É um preço sem comissões embutidas: o hotel define quanto quer receber e o parceiro aplica sua margem para revender ao passageiro final. Na prática, você deixa de discutir “comissão”, e passa a negociar volumes, prazos, allotments, restrições e pacotes.
Esse formato floresce onde há previsibilidade e escala: acordos de longo prazo, grupos e séries, corporativo com rota fixa, bloqueios para datas de eventos, mercados emissores internacionais e canais que precisam de consistência tarifária para montar produtos competitivos. O hotel ganha ocupação e fluxo de caixa; o parceiro, margem e disponibilidade estável.
Tarifa NET x tarifa comissionada x tarifa pública: diferenças que importam
Na tarifa comissionada, o hotel define o preço de venda (público) e paga uma comissão ao canal que originou a reserva. O cliente “compra do hotel” e o intermediário recebe depois.
Já nas tarifas NET na hotelaria, o cliente “compra do parceiro”; o hotel fatura o valor líquido acordado, independente do quanto o parceiro cobrou do passageiro. E a tarifa pública (site/OTAs) é a sua vitrine; preços dinâmicos para o consumidor final, com regras e políticas que sustentam a sua percepção de valor.
A implicação prática é grande: na NET, você abre mão do preço final, mas ganha volume e previsibilidade; na comissionada, você controla o preço final, com menos previsibilidade de demanda. Combinar modelos é saudável, desde que a orquestra de preços toque a mesma música.
Como calcular tarifas NET sem sacrificar margem
O ponto de partida é conhecer seu custo por UH ocupada (inclua custo variável de A&B incluso, amenities, lavanderia, energia, taxas, meios de pagamento quando aplicável) e a margem mínima desejada.
Depois, projete a elasticidade por período (baixa, média, alta, eventos). Um exemplo simples:
- Custo variável por diária ocupada: R$ 210
- Margem mínima alvo (já considerando risco de cancelamentos e
no-shows): 35%
- Tarifa NET mínima = 210 ÷ (1 – 0,35) =
R$ 323
Isso é só a base. Em altas com demanda inelástica, aumente a NET; em baixas, aceite NETs mais agressivas se, e somente se, não canibalizarem sua tarifa pública e seu canal direto. Para contratos volumosos, simule cenários com
RevPAR e lucro por UH (não só
ADR). Quando a NET empurra ocupação de dias “ocos” e reduz
shoulder nights vazios, o ganho compensa.
Vantagens reais das tarifas NET (quando bem usadas)
O primeiro benefício é a previsibilidade: blocos, series e allotments garantem base de ocupação para diluir custos fixos, estabilizando fluxo de caixa.
Em segundo lugar, há eficiência comercial: negociações ficam objetivas (valor líquido + regras), emissão e faturamento são simples e a integração com o backoffice tende a ser mais limpa.
Há também acesso a mercados que você dificilmente alcançaria sozinho (operadoras internacionais, wholesalers, TMCs) e a possibilidade de incluir serviços no valor líquido como café da manhã, late check-out, transfer, transformando a NET em artefato de produto, não só de preço. Tudo isso sem a fricção de comissões variáveis, estornos de cartão e chargebacks típicos do varejo.
Riscos e armadilhas: quais são as desvantagens?
A armadilha clássica é a canibalização da tarifa pública. Se o parceiro revende abaixo do seu site/OTA, você treina o mercado a comparar e comprar fora da sua casa. O segundo risco é a dependência: quando a ocupação passa a depender da NET, seu poder de preço cai.
Some a isso a complexidade operacional (vários acordos, regras e janelas) e a chance de disparidade tarifária aumenta, especialmente sem channel manager e regras automatizadas.
Há ainda o efeito marca: NETs muito baixas, visíveis no varejo por parceiros pouco criteriosos, rebaixam a percepção de valor do seu produto. E existe o risco contratual: cláusulas de cancelamento frouxas, prazos de pagamento extensos e ausência de stop sale minam sua rentabilidade.
Governança de paridade e distribuição: blindagem para sua estratégia
O antídoto para as armadilhas é governança de distribuição. Alguns pilares funcionam bem:
- Regras claras de exposição: contratos com NET devem explicitar onde e como a tarifa pode ser exibida. Se a intenção é B2B/embarcada em pacote, proíba a venda stand-alone no varejo ou vincule a um preço mínimo anunciado (MAP/BRG).
- Paridade inteligente (não cega): não prometa paridade absoluta em todos os canais; use paridade condicional. Nas datas estratégicas do direto, retenha valor com benefícios exclusivos (política flexível, créditos F&B, upgrade), mantendo a paridade de valor, não necessariamente o mesmo preço seco.
- Automação com PMS + Channel Manager: alimentar tarifas, estoques e restrições manualmente é convite ao erro. Use regras por temporadas, fences e janelas, com stop sale automático quando atingir pick-up alvo. Integre allotment release para evitar inventário ocioso bloqueado.
- Monitore disparidades: crie rotinas semanais de varredura (metabusca, OTA Insight, RateGain, etc.) para identificar parceiros que “vazam” a NET no varejo. Comprove, notifique, suspenda allotment quando reincidir.
Como implementar tarifas NET sem perder o controle
Comece por um diagnóstico: mix de canais, ocupação por dia da semana, sazonalidade, lead time, segmentos que mais contribuem para lucro (não só volume). Defina objetivos táticos para cada janela: “encher” às terças/quarta, proteger picos, compensar baixas com grupos, entrar em um emissor internacional.
Na negociação, ancore em dados: históricos de pick-up, curvas de procura por data, eventos da praça, posição competitiva.
Proponha camadas de NET por período (baixa, média, alta) e regras de uso (mínimo de noites, closed to arrival, datas fechadas). Troque desconto por contrapartidas: vitrine, co-marketing, prazos de pagamento menores, relatórios de venda por origem, e cláusula de rate integrity.
Na operação, documente processos: quem publica tarifas, quem libera stop sale, quem valida faturamento, quem monitora disparidades. Treine recepção e reservas para não “quebrar” políticas (honrar tarifas não aplicáveis, abrir exceções sem controle). E meça resultado por UH lucrativa, não só por ocupação.
Tarifas NET na hotelaria funcionam como um motor auxiliar: empurram ocupação base, abrem portas comerciais e estabilizam caixa, desde que integrem uma estratégia de preços e distribuição bem governada.
Use NET onde ela entrega acesso, escala e previsibilidade, proteja a tarifa pública com regras firmes, e deixe a tecnologia fazer o trabalho pesado de sincronizar inventário e políticas. Assim, você evita a armadilha do volume sem margem e transforma a NET em um pilar de rentabilidade sustentável.
Se quiser, eu preparo um modelo de contrato com cláusulas de rate integrity, release e stop sale, além de uma planilha de simulação de cenários (ocupação x margem x RevPAR) para apoiar suas próximas negociações.
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